Fátima , com quem eu dividia apartamento numa ruazinha famosa do centro da cidade , sempre ia visitar seus pais aos finais de semana ... E eu queria apenas uma noite , longe das preocupações de ter 21 anos , longe dos trabalhos da faculdade ... Só eu e ... Bom , eu esperava que houvesse um alguém , de preferência uma terceira pessoa do masculino singular. Não havia. E eu era a típica mulher do século xxi : autosuficiente , que trabalha , estuda e diz não precisar de homens apenas por não te-los . Voltando a noite de sábado ... Escolhi a melhor roupa do armário , o melhor sapato . arrumei-me e liguei pra uma colega do curso :
- já que eu também não estou fazendo nada e é sabado , que tal sairmos , bebermos , conhecermos gente nova ...? – creio ter dito isso com a empolgação de uma adolescente no seu primeiro baile . – então tá ok , minha querida . 9h. até .
Saímos e chegamos a uma ‘ boate ‘ : muitas luzes , muita musica , muita bebida.
Eu tinha um plano e era não ter plano nenhum .
Quando dei por mim , já estava mais pra lá do que pra cá.
Era a 24ª tequila , seguida do 10º flamejante ... E que eu me lembre , bom , eu nao me lembro. Enfim , eu já estava ali , de cara com a porta do apartamento , rezando para colocar a chave naquela maldita fechadura. Muito esforço e entrei .
Bom , eu estava ali , embriagada , fedendo a gente .Havia me divertido e isso era inegável ...
Mas me faltava algo , alguém pra curar meu porre , alguém pra eu chorar , alguém pra eu precisar , porque estar sozinho é solitário demais . Desejava Gabriel ali , dizendo todas aquelas ‘’ mentiras sinceras ‘’ que eu adoraria ouvir e no outro dia , meu orgulho gritaria ‘’ era porque eu não estava em mim! ‘’ ; mas eu estava bêbada , não louca . Eu nunca tive muitos amigos .
Então ali estava eu , estirada no tapete da sala , com a maquiagem toda borrada e completamente despenteada e o pior : sozinha . arrastei-me até o telefone e após os números se desembaralharem um pouco , ouvir chamar ... Uma voz doce e suave atendeu ...
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